Frotas depois do COVID

frotas depois do covid

“Nada é permanente, salvo a mudança.”
Heráclito de Éfeso

À medida que as restrições de quarentena forem levantadas e a economia tenta se recuperar, as empresas enfrentam uma série de perguntas e desafios sobre a futura composição e gerenciamento de suas frotas, para garantir que estejam operando com a máxima eficiência. O que fazer com a frota nesses tempos desafiadores?

Esse gerenciamento se tornará mais complexo, levando às empresas a repensar suas estratégias de mobilidade, e aumentar a flexibilidade e a resiliência em suas cadeias de suprimentos ligados à mobilidade e frotas.

Elencamos abaixo algumas tendências e seu impacto provável nas frotas, mais focadas no caso de terceirização de frotas, mas com “insights” também para frotas próprias.

· Redução de viagens corporativas;

Automaticamente reduzirá a necessidade de passagens aéreas e locação de automóveis, no chamado “Rent a Car”. Mesmo viagens de pequena distância, visitas a clientes que seriam feitas usando o automóvel, em muitos casos serão substituídos por reuniões “online”, o que aponta para uma redução dos quilômetros percorridos na frota.

· Maior uso do “HomeWork”;

Após a experiência de trabalhar em casa durante a crise, muitas organizações almejam que seus funcionários trabalhem em casa com mais frequência. No entanto, como resultado, as empresas precisarão considerar cuidadosamente os tipos de veículos que precisam para rodar no futuro, talvez modelos menores ou até mesmo substituir as alternativas de mobilidade, como por exemplo o compartilhamento.

· Redução de quilometragem na frota

Mais “HomeWork” inevitavelmente significa menos quilometragem sendo percorrida nas frotas das empresas. Por exemplo, se um usuário com deslocamento de 35 quilômetros diários (o que não é muito!) trabalha em casa por dois dias por semana, isso equivale a redução de quilometragem de cerca de 11.000 km em um contrato de locação de 3 anos. As empresas precisam analisar as possibilidades de “Home Office” de seus colaboradores, e revisar a quilometragem contratada com seu fornecedor de locação, levando em conta a nova realidade. Outro fator de redução da quilometragem da frota em uso é o tempo de quarentena, durante a qual o carro com certeza rodou muito pouco. Obviamente a redução da quilometragem rodada reduz o TCO (Total Cost of Ownership), no caso de frota própria, ou o custo da locação, com menos quilometragem contratada.

Contratos mais flexíveis em termos de duração e quilometragem;

Devido ao futuro mais incerto que antes, as empresas com certeza necessitarão de contratos mais flexíveis, ao invés de se amarrar em contratos padrão de 36 ou 48 meses, com multas de devolução antecipada e tarifas de quilometro adicional altas. Com a tecnologia evoluindo rapidamente, as novas gerações de veículos tendem a ser mais econômicas em termos de consumo de combustível. As locadoras no Brasil muitas vezes simpatizam com a ideia de contratos mais curtos, para que os veículos sejam trocados com mais frequência.

Outra tendência é o surgimento de ofertas de locação de médio prazo, com veículos semi-novos, o que pode dar o necessário grau de flexibilidade em algumas situações, por exemplo em projetos sazonais, ou mesmo a mobilidade da frota em condição de grande incerteza.

· Vários fornecedores de locação;

Ter mais de um provedor de locação para seus veículos não apenas dilui o risco, mas também aumenta o número de linhas de crédito disponíveis. Obviamente depende do tamanho da frota, mas no ambiente de desafios e recessão que se seguirá à crise do COVID, garantir crédito pode proporcionar benefícios reais, especialmente para setores de negócios em que um aperto de crédito pode se tornar um problema importante.

Ter mais de um fornecedor de locação também permite evitar a acomodação que poderia ocorrer com um fornecedor único, com concorrência e um “benchmark” automático e natural. Há alguns contras, por exemplo o trabalho de harmonizar os relatórios de duas locadoras, mas no frigir dos ovos vale a pena pela economia a longo prazo. Também demanda certo cuidado na contratação, para padronizar alguns procedimentos.

· Com um olho no “verde”;

Por enquanto, no Brasil o TCO de veículos puramente elétricos ainda é elevado, mas isso pode ser diferente para os híbridos e mesmo para os elétricos em aplicações operacionais, onde o prazo de uso pode ser mais dilatado. Um empurrão adicional pode vir da política de Responsabilidade Social Corporativa de sua empresa, com eventuais objetivos que possa ter para reduzir sua pegada de carbono.

· Revisar fabricantes e modelos de veículos;

As empresas precisam selecionar fabricantes e modelos de veículos com base em uma série de fatores, como adequação à necessidade, tecnologia, fornecimento de peças de reposição, emissões e o impacto do TCO de cada modelo. Com a crise, cresce também a importância da a disponibilidade do veículo – há modelos com prazos de entrega enormes! Revisões regulares das possibilidades do mercado são essenciais para, ao longo do tempo, selecionar o “mix” de veículos e os fabricantes mais adequados.

· Revisar do modo de financiamento e adequação das políticas de frota;

Caso sua empresa tenha frota própria, é uma boa ocasião para revisitar os estudos de compra x locação, conjuntamente com o departamento financeiro, para ter certeza que as premissas e o modelo de avaliação estão ainda válidos.

Por outro lado, todos os temas acima aparecem na sua política de frotas, que precisa ser constantemente atualizada refletindo essas necessárias mudanças no panorama dos veículos corporativos.

Conclusão

A complexidade da operação de uma frota está aumentando o tempo todo, especialmente nesses momentos desafiadores, e as empresas precisam avaliar como enfrentar esses desafios.

“Know how” externo pode ser bem útil nessa ocasião; faz todo o sentido considerar as vantagens de obter aconselhamento de uma consultoria independente de gerenciamento de frota, com conhecimento e experiência, para ajudar a guiá-los nesses tempos complexos, voláteis e sem precedentes.

Walter Kirschner

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